Excerto do livro”O Guerreiro e a Lua” que talvez nunca escreverei …
“ … Sentado na areia fria daquele deserto que durante o dia parecia castigar as almas que se atreviam à andar, e a noite cortava-as como lâminas finas.
Era noite de festa, mais uma daquelas festas que servem para justificar a existência ou inexistência daqueles homens, que nada tinham a perder. Gritos de guerra abafavam o barulho dos tambores, as crianças corriam loucas sem direcção, os mais velhos desmanchavam-se para comer aqueles bocados de carne dura, o cheiro e o medo daquela gente fazia-me despertar para o que se seguia.
- Lua! Lua! Lua! – Gritavam
A Lua entrara naquela arena e o silêncio que se ouvira entoava com os versos que ela sorrira, a musica começara, aquela música pausada aumentava de intensidade a medida que aquele corpo ganhava vida. Mas que corpo! Que Mulher! Que Alma!
O desejo tomava conta de mim, imóvel continuava a observa-la entre o fogo da fogueira. Os gestos suaves daquele corpo suado e brilhante desmembravam a consciência daquele barulho infernal. A magia daquele olhar complexava quem ousava desafia-los. Era a Lua, e pronto!
Eu, o fogo e ela. O fogo como barreira ao aconchego do meu desejo, o fogo que me daria bonança, o fogo que me traria de novo a vida, o fogo que me daria força para me erguer, o fogo! … Esse mesmo fogo que me marcaria para toda a vida o corpo, as marcas desse passado causaria mais dor, que a dor que sentia naquele momento. Sentado fiquei à espera que alguém decidisse por mim…
Sem ti não tenho Norte
Sem ti não sei andar
Sem ti não tenho nome
Sem ti não sei Amar …”
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