*** ENTRELINHAS ***

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Na terra dos Sonhos

Se fosse Rei, mandava tecer uma manta mágica
Uma Manta de puro fio, assim é o sentir
Uma Manta de todas as cores, e perfumada
Uma manta abençoada, para te agasalhar nas noites frias
Mandava bordar, um castelo no alto da montanha
Rodeado de flores e um mar azul no horizonte
Não esqueceria o Sol de olhos fechados
Para que não corasse quando te abraçasse
Desenharia o silêncio, para ouvir do teu olhar
Os poemas que ainda não escreveste
Gravaria um coração na árvore junto ao rio
Seria a terra dos sonhos, que sempre esperei partilhar …

Não sou rei, mas a vontade está comigo
Não tenho poderes mágicos, mas tenho uma manta imaculada
Não sei onde fica a terra dos sonhos, mas sei sonhar
Não sou ninguém, mas espero-te de braços abertos
Espero, que chegues com bocadinhos de lã
Para então tecer a “Nossa terra dos sonhos”

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Sonhei …

Sonhei que estava só, entre pensamentos difusos
Rodeado de rochedos, e sinais confusos
Encontrei um porto de abrigo, numa porta aberta
Onde entrei e sentei, numa sala deserta

De repente, Subiu o pano e as luzes brilharam
Mil querubins cantavam, e as minhas mãos gelaram
Fiquei em silêncio … atado ao chão
Quando do fundo palco me estendeste a mão

Sorriste versos, que decorei de paixão
Teu brilho deu nova cor, a minha solidão
Um novo acto, contigo quis começar
Bastou apenas um convite para dançar

A plateia encheu, no esquisso sentido
O silêncio da valsa trouxe um novo colorido
E por fim no escuro da noite, continuei a sonhar
Pois quem assim amou, não quer acordar

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Porquê?

Por que existem palavras
Que não se deveriam dizer
E perguntas que ficam
Por responder?

Por que existem olhares
Que não se deveriam fixar
E momentos que ficam
Para recordar?

Por que existem paixões
Sem correspondência
E esperanças que ficam
Sem exigências?

Por que existem poemas
Que se deveriam repetir
Se não existe ninguém
Que os queira ouvir?

Por que existem cores
Que ofuscam o olhar
Se é de transparências
De que se quer falar?

terça-feira, janeiro 03, 2006

Preciso escrever

Preciso escrever:
Para croniquizar a minha vida
E apagar sempre que quiser
Deste rosário a passagem já lida.
Preciso escrever:
Para me sentir um homem mais forte
Tal como quando olho nos teus olhos
E sonho atingir a inatingível sorte
Preciso escrever:
Para ouvir no silêncio intemporal
Os amordaçados gritos mudos
Que me correm sem moral
Preciso escrever:
Para compreender o teu levantar
Clarificar a duvida que me sequestra
Sem saber a razão deste meu estar
Preciso escrever:
Para leres nas entrelinhas
Que sentir é este?
Tão incolor quanto as palavras ditas minhas

“Afinal, por que te levantaste?
…Que seja um convite para dançar,
E saltarei a fogueira que nos aquece
Rodopiaremos sobre os estilhaços
Ao som do tambor que estremece
Tecerei nas queimaduras uma nova vida
Ecoarei versos de sorte no refrão
E aqueles que sorrirem, ficarão
Em silencio certamente”